terça-feira, 20 de novembro de 2007

O operador de fotocopiadora

Aqui na França, grande parte daqueles serviços que eu considero supérfulos, mas que de uma forma ou de outra garantem emprego para as pessoas "menos qualificadas", não existe.
Nada de serviço vallet, nem de caixa para você pagar seu ticket do estacionamento. O primeiro deve ter em pouquissimos lugares e o segundo foi substituido por uma màquina.
Também não pense em encontrar porteiro nos prédios. Até onde sei, porteiro aqui é mais uma espécie de caseiro que de porteiro. Em geral é uma mulher, que além de cuidar das coisas do prédio também limpa as àreas comuns, etc. Mas acho que também é raro. A distinção entre porteiro de dia e porteiro da noite, então...
Por aqui, nada de engraxate também. Nem de empacotador de supermercado. Nem de frentista (aliàs, nunca vi um posto de gasolina em Paris, mas isso é para um outro post).
Até ai, tudo bem.
Agora, suprimir o operador de fotocopiadora, isso jà acho um absurdo!!
Preciso tirar um xerox, ràpido, antes do começo da aula. Para isso, você precisa comprar um cartão em uma outra màquina. Otimo, carta comprada, e ai? As duas impressoras do hall da faculdade estão em manutenção... Claro, as pessoas não sabem usar direito e elas quebram o tempo todo.
Na biblioteca, para tirar algumas copias, é uma eternidade: ou porque o cara que està na sua frente demora um ano para cada copia, ou porque eu mesma demoro um milênio para conseguir tirar uma simples copia que apareça todas as letrinhas.
às vezes, a fotocopiadora decide mudar o enquadramento da pàgina, assim, sem anunciar. E ai, metade da pàgina sai cortada.
Toca chamar o cara responsàvel do andar da biblioteca e para quê? No minuto seguinte que ele sai pela porta, a màquina quebra de novo!
Que horror, quanto tempo perdido, quanta manutenção desnecessària, quanta dor de cabeça à toa. Saudades dos xerox da USP, mesmo com suas filas descomunais...

***************

E a greve continua. Hoje é o sétimo dia. Amanhã vai haver negociações, vamos ver o que vai dar, mas não estou com muitas esperanças. Quanto à greve das universidades, estou com o manifesto aqui em minhas mãos. Resumindo, eles estão contra a possibilidade de instalação de fundações nas universidades, contra a precarização dos contratos de professores e funcionàrios, entre outras coisas. Qualquer semelhança com a USP...

Outro aniversàrio: hoje faz três meses que fui embora. Parece mais.

3 comentários:

Dea disse...

Vixe, isso da assunto pra uma noite inteira.
A maioria das coisas que vc falou ai valem aqui pra NY tb. A supressao desse tipo de trabalho em si eh boa, pq possibilita que as pessoas que estariam fazendo esse tipo de coisa facam outras tarefas mais sofisticadas. Se elas tem oportunidade de aprender outras tarefas ou nao eh outra historia...
Agora, precisa ser eficiente...Eu levei um susto quando fui num xerox aqui e tive que fazer tudo sozinha, mas, ao contrario do q vc descreveu, a maquina ta sempre funcionando e eh facil de usar.
Eh um conflito pra gente vir pra esses paises desenvolvidos e ter que fazer muito mais coisa considerada "pequena", que no nosso pais "em desenvolvimento" faziam por nos. Eh o preco do avanco...

Thomaz Napoleão disse...

Concordo em gênero, numero e grau. Usar uma copiadora não é tão facil quanto discar um telefone. Essas maquinas são MUITO frageis, e ja perdi a conta de quantas vezes atrasei trabalhos e seminarios porque elas foram quebradas por alunos desavisados da Sciences Po.

Sim, existem postos de gasolina em Paris. Mas eles geralmente estão na banlieue, onde existe mais espaço livre, ou pelo menos em bairros residenciais mais distantes e calmos, como o 14ème e o 20ème. E é mais comum encontrar apenas pequenas bombas de gasolina self-service. Isso acontece porque o metro quadrado é muito caro no centro e porque a prefeitura impede que postos de combustivel (feios por definição) estraguem o patrimônio arquitetural. Paris não é Londres, felizmente!

No inverno passado nevou umas duas ou três vezes em Paris, mas foi uma neve bem fraca e fininha... Em compensação, três anos atras as paisagens da cidade chegaram a ficar brancas em fevereiro. Quem sabe?

O modelo francês de universidade, com vaga pra todo mundo e anualidades simbolicas, é muito bonito no papel, mas esconde uma crise gigante. A Sciences Po é rica e não serve de exemplo; dê uma olhada em alguma universidade publica bem decadente (a Paris 8 parece a FFLCH depois de um inverno nuclear!) e você vera que tem algo muito, muito podre no sistema...

Anônimo disse...

Hehe, comentário muito bom, Re. Nunca precisei tirar cópia aqui na Austrália, mas imagino que seja igual.