quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Inverno

Hoje vi pela primeira vez gansos indo em direção ao sul... Do que eu tirei duas conclusões:
1) é verdade que os pàssaros migram para o Sul, não é so uma coisa de desenho animado
2) o inverno està realmente batendo na porta

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E não nevou....

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Greve: amanhã tem mais! 7H30 da manhã em bicicleta? veremos..

terça-feira, 20 de novembro de 2007

O operador de fotocopiadora

Aqui na França, grande parte daqueles serviços que eu considero supérfulos, mas que de uma forma ou de outra garantem emprego para as pessoas "menos qualificadas", não existe.
Nada de serviço vallet, nem de caixa para você pagar seu ticket do estacionamento. O primeiro deve ter em pouquissimos lugares e o segundo foi substituido por uma màquina.
Também não pense em encontrar porteiro nos prédios. Até onde sei, porteiro aqui é mais uma espécie de caseiro que de porteiro. Em geral é uma mulher, que além de cuidar das coisas do prédio também limpa as àreas comuns, etc. Mas acho que também é raro. A distinção entre porteiro de dia e porteiro da noite, então...
Por aqui, nada de engraxate também. Nem de empacotador de supermercado. Nem de frentista (aliàs, nunca vi um posto de gasolina em Paris, mas isso é para um outro post).
Até ai, tudo bem.
Agora, suprimir o operador de fotocopiadora, isso jà acho um absurdo!!
Preciso tirar um xerox, ràpido, antes do começo da aula. Para isso, você precisa comprar um cartão em uma outra màquina. Otimo, carta comprada, e ai? As duas impressoras do hall da faculdade estão em manutenção... Claro, as pessoas não sabem usar direito e elas quebram o tempo todo.
Na biblioteca, para tirar algumas copias, é uma eternidade: ou porque o cara que està na sua frente demora um ano para cada copia, ou porque eu mesma demoro um milênio para conseguir tirar uma simples copia que apareça todas as letrinhas.
às vezes, a fotocopiadora decide mudar o enquadramento da pàgina, assim, sem anunciar. E ai, metade da pàgina sai cortada.
Toca chamar o cara responsàvel do andar da biblioteca e para quê? No minuto seguinte que ele sai pela porta, a màquina quebra de novo!
Que horror, quanto tempo perdido, quanta manutenção desnecessària, quanta dor de cabeça à toa. Saudades dos xerox da USP, mesmo com suas filas descomunais...

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E a greve continua. Hoje é o sétimo dia. Amanhã vai haver negociações, vamos ver o que vai dar, mas não estou com muitas esperanças. Quanto à greve das universidades, estou com o manifesto aqui em minhas mãos. Resumindo, eles estão contra a possibilidade de instalação de fundações nas universidades, contra a precarização dos contratos de professores e funcionàrios, entre outras coisas. Qualquer semelhança com a USP...

Outro aniversàrio: hoje faz três meses que fui embora. Parece mais.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

...E fez-se a greve

E de repente a França parou. Não foi tão de repente assim, nem parou tanto assim, mas jà faz alguns dias que a palavra "greve" està em todos os cantos e todas as bocas. Não importa se é aquela dos transportes em comum, que atinge todas as linhas de metrô, menos a 14, que é automàtica. Atinge os ônibus também. E os trens. E os trens de periferia. Essa, sem duvida, a greve que atinge o maior numero de pessoas, virou o assunto da semana. Quanto tempo ainda vai durar? Ninguém sabe. O motivo? Sr. Sarkozy quer suprimir alguns beneficios (considerados por alguns um privilégio) dos funcionarios de transporte, aumentando, por exemplo, o numero de anos que eles têm que trabalhar antes de poderem se aposentar.
Mas essa não é a unica greve. Tem aquela das universidades que, ao contràrio do Brasil, temem a tal da autonomia. Engraçado que no Brasil, reitorias foram ocupadas para preservar a tal autonomia. Aqui, as pessoas vão às ruas contra essa idéia, pois temem que com a liberdade que cada faculdade terà de arrecadar seus proprios fundos, elas passem a cobrar mais de seus alunos, além de muitos outros problemas.
A autonomia na França se refere mais ao campo econômico, enquanto no Brasil era mais politico. Como minha universidade é jà autônoma, não estou muito por dentro dessa greve. Não conheço bem os detalhes, ao contràrio da outra, que me afeta diariamente e fez-me aventurar às 8 horas da manhã de bicicleta pelas ruas de Paris, quando os termômetros marcavam 1 grau e eu tinha acabado de ser expulsa por uma onda humana na parada Chatêlet, uma espécie de Sé do metrô parisiense. Isso depois de esperar por 20 minutos na estação em vão, jà que todos os vagões circulavam no limite do fisicamente possivel (não, dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, isso pudemos verificar)...
Aliadas a todas essas, tem uma greve do pessoal que trabalha no serviço de energia (não sei quais são as consequências). Dia 20, todas essas categorias se juntarão para fazer a greve da servidoria publica. Enquanto isso, Sarkozy continua liberando enfermeiras bulgaras, "idealistas" franceses no Tchad e otras cositas mas.
E enquanto não temos uma resposta, minha batata da perna vai engrossando tanto que daqui a pouco não cabe mais na bota de cano alto. E um dia meu nariz ainda cai, pois sim, ao menos està previsto, deve nevar neste domingo!!!!

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Revolução

Hà algumas semanas, fiz uma descoberta que revolucionou a minha vida. A revolução se chama Picard, uma espécie de supermercado que so vende produtos congelados da mesma marca. Esqueçam tudo o que vocês conhecem a respeito de congelados.
Os produtos Picard são uma delicia e ainda por cima, sai mais barato do que comprar todos os produtos para preparar os pratos -sem contar que não saberia fazer tajine de frango, Nems de legumes, somosa de carne, batatas dauphine e tantas outras delicias que encontro no Picard.
O melhor de tudo, tem um do lado da minha casa. Como não tenho congelador, vou là quase todos os dias. Como vou là quase todos os dias, jà conheço os dois atendentes.
O primeiro é um jovenzinho super simpàtico. A outra é uma mulher, que adora dar palpites no que eu compro

- Uhm, esses petit-fours de escargot são mesmo uma delicia e não são caros. 4 euros e 50.

- Vai ser uma festa e tanto (apos passar os salgadinhos do cara que estava na minha frente na fila)

E hoje:

-Para quantas pessoas você està comprando esse cuscuz?

- So para mim mesma (eu)

- Ah... Pergunto porque eles escrevem que dà para quatro pessoas, mas eu e meu marido comemos no sàbado e so deu para nos dois

-Não, é so para mim mesma... para o final de semana...

- Ah, bom. Também ia falar que para um almoço de semana para uma pessoa é muito. Depois você não vai conseguir fazer mais nada...

Esse diàlogo pode parecer quase surreal para quem acha que os parisienses são todos mal-humorados e fechados, mas até que é bastante comum os vendedores comentando sobre as coisas que a gente compra...

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quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Vàrias a respeito de Paris

* Quando cheguei de manhã em Paris e peguei o trem que liga o aeroporto ao centro, pude ver que nesses quase 4 dias que estive fora, o outono jà havia se instalado. As àrvores estavam amarelas, vermelhas, laranjas... lindo!

* A cidade fez a gentileza de me receber com um sol lindo. Sim, era azul bebê, mas mesmo assi acreditei que era sincero e me senti bem-vinda

* Sa'i do metrô e logo jà comprei um pain au chocolat, que fui comendo enquanto andava até em casa

* Acho que a melhor maneira de saber se aquele lugar jà é sua casa é ir embora e voltar. Quando voltei, percebi que jà estava com saudades daqui

Vàrias a respeito de Madrid

* Tinha me esquecido o que era sol e o quanto eu sou originària de um pa'is tropical. Não que aqui em Paris não tenha sol. Ter tem. Mas é um sol do norte, que não esquenta e o céu fica no màximo azul bêbê, nunca azul turquesa. Deve ter sido no céu de Paris que Charles Aznavour se inspirou quando escreveu "Moi qui n'ai connu toute ma vie Que le ciel du nord J'aimerais débarbouiller ce gris En virant de bord". Se não posso ir "au bout de la terre", como pede Aznavour, ao menos pude ir pra Espanha. E confesso que a claridade que encontrei por là me fez sentir saudades do Brasil

* Como comemos bem na Espanha!! Foi uma fartura so: paella, peixe e principalmente churrasco argentino. Aqui na França, carne de boi é um luxo. Eu que nunca fui muito carnivora, mas que estava acostuma a comer carne de boi umas cinco vezes por semana, nas suas diversas formas, nunca achei que fosse ficar tão feliz em ver chegar à mesa um filé suculento saido da grelha... nham

* Uma noite em que estava muito cansada, acordei de repente e não sabia nem onde eu estava e nem o que era a minha vida. Esse sentimento durou por uns dois minutos, e foi uma das sensações de maior angùstia que jà experimentei. Não sabia mais onde morava nem o que vinha fazendo nos ùltimos meses. O Numa teve que me esclarecer que estàvamos em Madrid, mas que moràvamos em Paris. Ai me lembrei... Bizarro, não?

* Nada como estar em familia

* Escrevendo tudo isso, jà bateu umas saudades...

* As fotos eu coloco numa outra hora