terça-feira, 19 de agosto de 2008

Fechado para balanço

Desde a ultima vez que escrevi nesse blog, muita coisa rolou. Fui ao Brasil, reencontrei familia, amigos, cachorro, minha cidade. Vi o mar, impressionei-me com o "cidade limpa", respeitei a lei seca, impressionei-me com o boom econômico e com o otimismo das pessoas.
Sentei-me no terraço e tomei sol em pleno inverno, deparei-me com a inflação dos alimentos, comprovei que o metrô de São Paulo era tão limpo e tão mais agradàvel quanto nas minhas lembranças.
Vi meus amigos melhor profissionalmente, e mais bonitos. Achei todo mundo melhor do que quando eu fui. Os garçons não estavam de mau-humor. Nem no Rio de Janeiro.
Fui a Pernambuco. Estive numa viagem louca numa praia praticamente deserta, num dos lugares mais bonitos em que jà estive na vida. Um lugar onde a àgua do mar é mais quente do que a do chuveiro e onde as pessoas andam de jangada e jantam às 18h30.
Voltei apaixonada por Pernambuco. O Rio de Janeiro continua lindo, mas achei os prédios meio decadentes. Sobretudo comparado a São Paulo, que continua meio feia, mas mais limpa e cada dia mais rica.
Tive mil reflexões durante todo esse periodo. Brasileiro gosta de reclamar, mas a classe média paulistana vive bem para burro. Todo mundo mora em apartamento super grande, bem decorado e ainda por cima tem faxineira. Todo mundo està viajando como nunca viajou antes. Serà a tal emergência definitiva dos paises emergentes?
Segundo, deixei matéria preciosissima no Brasil. Matéria humana. E disso a gente nunca se recupera.
Pensei em não voltar para a França. Pensei que seria uma burrice sem tamanho não voltar. Pensei que de toda a maneira, jà não pertenço a lugar nenhum, e quando acordo no meio da noite, não sei mais onde estou. Então manda bala.
Percebi que esse negocio de encarar uma experiência como definitiva nunca foi a minha mesmo. E quando pensei que ao invés de encarar Paris como minha cidade eterna, poderia pensar "so me resta um ano naquele pais, naquela cidade", então, senti tudo aquilo fugindo entre meus dedos como se fosse areia, e de repente, tudo ficou mais leve.
Pois no Brasil, sou mais livre e menos livre. Uma liberdade dilapidada, como diria o Numa. Nada de passeios pela rua às 3 da manhã, sozinha. E na França, sou mais livre e menos livre. Por motivos completamente diferentes.
No final, estava mais forte. Chorei antes de ir embora. A saudades às vezes pode beirar ao insuportàvel. Mas como disse a mulher da policia federal "chora não. Hoje em dia tem internet, orkut e skype". Ela entendeu quase tudo.
Voltei e fui direto para Barcelona. A Europa me reconquistou. Ainda sou jovem. Ainda é muito cedo para viver definitivamente.

4 comentários:

Anônimo disse...

Adorei o texto, Re, lindo. Também quero voltar pro Brasil vendo tudo desse jeito bom demais :)

Daniela Arrais disse...

ai, re, que lindo! e que massa que tu adorou minha terra! quero ver fotos e saber de mais coisas que tu fez por lá! =*

Dea disse...

Lindo Texto!!! :D

Anônimo disse...

que post lindo. me identifiquei muito!