quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Estão todos mortos.



Todo dia de manhã eu saio do metrô Saint Germain para ir para a faculdade e passo pelos famoso café Deux Magots, café Flore e na volta, pela Brasserie Lipp. Para ir de um ao outro, atravesso a minuscula praça Sartre-Beauvoir. E por que isso é importante?


Exatamente, porque nos tempos àureos, era nesses lugares que intelectuais e artistas como Hemingway, Picasso, Wilde e como o proprio nome diz, Sarte e Simone de Beauvoir passavam horas escrevendo, discutindo, tendo idéias para um proximo quadro, livro ou ensaio ou qualquer coisa do tipo.


Como disse no inicio, passo por là todos os dias e o que mais vejo são turistas japoneses, italianos, americanos e brasileiros, com seus sacos de compra, seus oculos escuros da ultima moda, tomando um café onde um dia sentou Sartre.


Não sejamos tão maldosos, existem também os franceses (ou estrangeiros) discretos, que sentam no terraço e fumam seu cigarro matinal enquanto tomam o café e lêem o jornal. Mas a questão é que o preço, imagino, (nunca nem tive coragem de ver) deve afugentar qualquer artista.


Ou serà que esse tempo acabou? Onde estão os grupos de intelectuais e artistas de hoje que se encontrar para contestar o mundo e criar coisas novas?


Isso me lembra um conto que li de um escritor gaùcho em francês, no qual ele dizia que a primeira vez em que ele visitou o Rio, ele achava que era tarde demais, pois não havia mais o glamour do Cassino da Urca e tantas outras coisas.


Ao mesmo tempo, ele teve a chance de apreciar Tom Jobim cantando num bar ou os sambas autênticos do morro, numa época em que samba era ainda coisa do morro. Quando ele vê que hoje o que pega é o funk e que conversas no bar onde são concebidas canções como Garota de Ipanema não existem mais, ele tem a certeza que quando ele conheceu o Rio, ainda era tempo.


Que deprê.






Um comentário:

Anônimo disse...

Que deprê mesmo, rê!
acho que hoje em dia, intelectual só se encontra em congresso pra aumentar o curriculo lattes e em reuniões burocráticas das universidades. muito triste.
mas, de quem é o conto? fiquei curiosa!
beijão!